Lideranças indígenas se reuniram na manhã desta terça-feira (17) no DSEI-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, para protestar contra o novo coordenador, Lindomar Ferreira da Silva, indígena terena de Miranda. Ao todo, 10 representantes discutiram sobre a insatisfação com a troca do Arildo Alves Alcântara, que foi exonerado do cargo, por Lindomar nesta segunda-feira (16). Ao Campo Grande News , Edelson, de 40 anos, Cacique da aldeia Argola em Miranda, município a 208 quilômetros da capital sul-mato-grossense, disse que o movimento está se organizando, mas que pretendem fechar BRs. Ele não informou quais serão afetadas. “Vamos manifestar por conta da troca repentina. Todos que estão aqui estão à favor do Arildo, porque violaram nossos direitos, deveríamos ser consultados antes de ser feita a troca”. De acordo com ele, será uma manifestação pacífica sem tempo determinado. A ideia é fazer com que o ex coordenador assuma a gestão novamente. Aldenir Júlio, de 49 anos, coordenador de um polo base em Miranda disse que não haverá diálogo com o novo coordenador. “O novo coordenador não dá atenção para as lideranças e nos não vamos aceitar que parlamentares tomem essa decisão, fomos pegos de surpresa, a troca foi feito do dia pra noite”. João Leôncio, vice-cacique da aldeia Mãe Terra, em Miranda, alegou que foi uma decisão tomada sem conversar com os caciques. "Por isso a revolta está sendo tanta, as aldeias de todo MS não estão a favor dessa decisão". À reportagem, Lindomar atribuiu o ato como um movimento isolado "encomendado" pelo antigo coordenador, Arildo, para se manter no cargo. "É isolado e feito pelo do ex-coordenador. Ele esteve à frente mas acabou se perdendo ao longo dos meses". No documento de nomeação de Lindomar, o coordenador se compromete a trabalhar de maneira incansável para a garantir a qualidade, eficácia dos serviços prestados a comunidade indígena. O Campo Grande News também falou com Arildo Alves Alcântara. Ele rebateu a fala de Lindomar e explicou que a exoneração não teve nenhuma justificativa, pegando todos de surpresa. "Na verdade não é uma questão de se manter no cargo. O que vale hoje é a questão dos respeito com os povos indígenas. Já passou a época em que eram os tutelados. Hoje nos sabemos qual o melhor caminho para nós. Temos uma ministra, isso é histórico no país. A comunidade pede pra que nos possamos ver essa situação, nem a ministra sabia dessa exoneração. Estamos aqui só de enfeite?", questiona. Ele acrescentou que não o movimento não foi organizado por ele, mas sim de maneira independente, pelos caciques. "Se deixarmos isso sempre acontecer, até quando podemos dizer que somos os protagonistas da nossa história? São movimentos independentes os caciques fizeram uma vaquinha e estão vindo. Essa é nossa indignação. Sou da aldeia, piso no chão, sei do que estou falando. Nos que sabemos as nossas dores". Histórico – Arildo Alves Alcântara foi exonerado do cargo, conforme portaria publicada no Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (16). No lugar dele, assumiu Lindomar Ferreira da Silva, indígena terena de Miranda, que já ocupou o cargo de diretor do Departamento de Promoção de Política Indigenista, do Ministério dos Povos Indígenas. O Dsei-MS ficou sem comando de janeiro a abril deste ano, até que Arildo Alcântara assumisse a função. Na posse, no dia 17 de abril, ele firmou o compromisso de fazer gestão integrada com a sociedade ocidental, sem deixar de lado as origens e culturas dos povos originários. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .