Com 105 anos, Santa Casa vai às urnas e desafio ainda é sair do “vermelho”

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Com 105 anos de funcionamento, a Santa Casa de Campo Grande vai às urnas na próxima quinta-feira para escolher o 22º presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande). Apenas 92 dos 112 associados poderão votar e entre os desafios do próximo gestor estará, mais uma vez, as tentativas de equalizar as contas do maior hospital de Mato Grosso do Sul. Sempre “no vermelho”, o deficit mensal da unidade hospitalar apresentado em ação no ano de 2018 era de R$ 4,8 milhões. Já este ano, em apresentação na Câmara de Vereadores, a direção do hospital falava em R$ 12,9 milhões mensais. Conforme o atual presidente Heitor Freire, essa realidade pode começar a mudar, já que conseguiu-se aumento do repasse de R$ 23,8 milhões – conforme contrato de junho do ano passado com o município – para R$ 32,2 milhões a partir deste mês. “A média mensal de faturamento saiu de R$ 23,87 milhões nos últimos anos, para R$ 28,63 milhões (contando áreas pública e privada) e de hoje para amanhã será de R$ 31,5 milhões”, comentou ao lembrar que novo aditivo de contrato foi assinado com a Prefeitura de Campo Grande esta semana, o que aumentou os valores mensais para R$ 32,1 milhões. “Isso representa R$ 8 milhões de aumento no nosso faturamento”, disse Heitor. Segundo ele, foram quatro meses de negociação com o município até chegar nesses valores. “É uma grande conquista e creio que no médio prazo será possível recompor nossa receita”, afirmou, enfatizando que deixará a gestão do hospital com o “asfalto pavimentado” para o próximo presidente. Esacheu Nascimento, um dos candidatos e que já presidiu a unidade hospitalar entre 2016 e 2020, se retirou do cargo para concorrer às eleições municipais daquele ano e concorre novamente à vaga. Pela chapa Nova Santa Casa, ele afirmou ao Campo Grande News que pretende usar sua experiência como ex-gestor para fazer o hospital crescer. Pela chapa “Por Amor à Santa Casa”, a advogada Alir Terra Lima também concorre à presidência e destaca que está há quatro anos junto à associação e como atual vice-presidente da entidade, diz que mesmo como advogado, vê que é possível ajudar a saúde e salvar vidas. Deficit – a Santa Casa de Campo Grande lida com deficit financeiro há anos e entre 2005 a 2013 a administração do hospital ficou a cargo do Poder Público. Na época, a junta interventora queria apontar inconsistências nas contas e verificar se de fato havia tais deficit. Decisão judicial determinou o retorno da ABCG à frente da Santa Casa, o que se mantém até hoje. Confederação das Santas Casas do Brasil estima que esses hospitais têm defasagem desde a mudança para o Plano Real, em 1994. Pelo menos até 2018, a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) foi reajustada em 93,78%. Já o INPC/IBGE teve uma variação nesse período de 506,49%. E a variação do salário mínimo foi de 854%. O deficit teria começado com maior impacto nessa mudança. Estrutura – o hospital é o maior de Mato Grosso do Sul e conta com 612 leitos, sendo 495 para atendimento do Sistema Único de Saúde e 117 para a rede privada em diversas especialidades. Há ainda 86 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e mais 11 de UTI Neonatal. A Santa Casa ainda mantém 18 salas cirúrgicas e 35 consultórios para atendimento ambulatorial. A unidade hospitalar tem cerca de 3,5 mil colaboradores, sendo 700 médicos e 1,4 mil enfermeiros e técnicos de enfermagem. Sobre esses últimos, o presidente Heitor Freire afirma que este será um dos principais desafios do próximo gestor, já que é há assunto a ser definido sobre o piso nacional da categoria. Atualmente, o repasse de recursos à Santa Casa é de R$ 32,1 milhões, o que corresponderá, em 12 meses, a R$ 385,2 milhões. Maior parte é do Governo Federal, que corresponde a quase metade do repasse. O restante do recurso é dividido entre Estado e o município.

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