Armadilha fotográfica faz captura inédita de uma espécie de réptil em MS

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Dentre as mais de 69 espécies de animais silvestres que foram identificados neste primeiro ano de monitoramento da fauna no Parque do Pombo, em Três Lagoas, os pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) registraram uma imagem inédita em Mato Grosso do Sul. Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram flagrar a presença de um teiú-de-quatro-linhas (Tupinambis quadrilineatus), espécie de lagarto endêmica do Cerrado, mas que jamais havia sido registrada em MS. De acordo com o presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, havia o conhecimento deste lagarto apenas nos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Pará e em algumas regiões do Nordeste, até o momento. A partir desse novo registro, será possível preencher lacunas acerca da distribuição geográfica desta espécie e de outro lagarto, o teiú-mascarado (Salvator duseni), também descoberto pelas câmeras instaladas nesta UC (Unidade de Conservação) e um dos únicos registros no Estado. “A confirmação da existência destes lagartos no parque demonstra a importância deste grande fragmento de Cerrado não só para o tatu-canastra, mas para muitas outras espécies raras e endêmicas, ressaltando o seu enorme potencial para novas descobertas sobre a nossa biodiversidade”, explicou Arnaud. Com o projeto de conservação e pesquisa de longa duração desenvolvido pelo ICAS, a população de tatu-canastra da região do Parque do Pombo vai ser a primeira em todo o Cerrado a ser estudada em detalhes. Desta forma, os pesquisadores esperam descobrir quantos indivíduos vivem no parque e no seu arredor, a densidade populacional da espécie, a área de vida dos indivíduos, o uso do habitat e dieta, por exemplo. Uma outra importante característica dessa iniciativa é a participação da população que vive no entorno do parque e das escolas rurais dos municípios de Três Lagoas e Água Clara, com o objetivo de envolver crianças, jovens e adultos, nas atividades de conservação do tatu-canastra e do Cerrado. Parque do Pombo – O Parque Natural Municipal do Pombo é uma área com 8 mil hectares em Três Lagoas. A região enfrenta expansão agrícola, por isso este fragmento do bioma preservado é fundamental para a conservação de muitas espécies ameaçadas de extinção. Com as novas descobertas registradas nas câmeras traps (armadilhas fotográficas), o local já é considerado um dos maiores remanescentes nativos do Cerrado de Mato Grosso do Sul. A UC é uma área de proteção integral que tem como principal objetivo a conservação da fauna e flora da savana brasileira. O parque é cercado pelo Rio Pombo e o Córrego Tapera e, atualmente, é o habitat de 127 espécies de aves e mais de 50 espécies, entre anfíbios, répteis e mamíferos; além de mais de 400 espécies de plantas nativas do Cerrado. ICAS – O fundador e presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, explica que o maior e mais raro de todos os tatus do mundo, além de estar na lista de animais ameaçados de extinção, possui uma importância ecológica fundamental para o ecossistema, pois suas tocas – quando não utilizadas pela espécie – servem de abrigo para mais de 100 animais vertebrados. “Estamos completando um ano de atividades neste grande fragmento de vegetação nativa, onde já instalamos 85 armadilhas fotográficas em toda área do parque. Estas câmeras possuem uma tecnologia que possibilita realizar o monitoramento da vida selvagem 24 horas por dia, registrando uma fauna riquíssima, que vai desde antas até pequenos pássaros em seu ambiente natural”, disse o pesquisador. Com mais de 700.000 horas de monitoramento ininterrupto de fauna somente no Parque Natural Municipal do Pombo, pesquisadores do ICAS já registraram e identificaram 69 espécies de animais no local, sendo 27 mamíferos, 37 aves e 5 répteis. Gabriel Massocato, biólogo e coordenador das ações de campo do projeto, ressalta que a grande quantidade de registros de espécies ameaçadas de extinção no parque é uma das situações que mais tem surpreendido os pesquisadores que passam horas e horas analisando cada imagem registrada pelas armadilhas fotográficas. “A grande abundância de animais que estão na lista de espécies ameaçadas de extinção, como, por exemplo, a anta, queixada, tamanduá-bandeira e o próprio tatu-canastra, fazem do Parque do Pombo um oásis natural para grandes mamíferos que já estão desaparecendo em vários locais no Cerrado”, afirmou Gabriel. Além dos animais já citados, as armadilhas fotográficas também já registraram a presença da onça-parda, lobo-guará, jaguatirica, cervo-do-pantanal e do mutum-de-penacho, espécies que também fazem parte das listas de animais ameaçados do Brasil e do mundo. Algumas imagens capturadas pelas câmeras também surpreendem os pesquisadores, como é o caso do raro cachorro-vinagre, considerado extinto em outras localidades no bioma. Uma espécie de canídeo selvagem que ainda é pouco conhecida pela ciência e que possui uma morfologia e comportamento peculiar, se comparado com seus parentes, como o lobo-guará e o lobinho, pois é o único deles que vive em grupos familiares e que necessita de grandes áreas naturais para sobreviver. Até o momento, 25 propriedades rurais e 30 pessoas foram entrevistadas pelos pesquisadores para compreender qual a relação da comunidade local com o parque, com a fauna, e suas principais atividades econômicas. A partir destas informações, o projeto pretende identificar os principais habitats e ameaças ao tatu-canastra e iniciar ações de coexistência e práticas de manejo da terra que possibilite a sobrevivência da espécie em larga escala e a longo prazo na região. Dessa forma, será possível trabalhar em conjunto e de maneira sustentável uma melhor conservação e coexistência da biodiversidade do Cerrado e de seus serviços ecossistêmicos prestados à sociedade. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

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