Em 1.640, o livro "Theatrum Botanicum" apresentou uma ampla lista de medicamentos usados na Europa. Há nele, uma lista de alguns fungos que eram usados como antibióticos. Trabalho impressionante, mas foi uma compilação de conhecimentos há muito estabelecidos. Quando Granada, na atual Espanha, estava sob o comando dos muçulmanos, herbários inteiros foram queimados. Parte deles eram dedicados a medicamentos desconhecidos pelos europeus. Alguns eram antibióticos. O fungo das selas dos cavalos. Os cavaleiros da região muçulmana da atual Espanha usavam um fungo que nascia no couro das selas de seus cavalos para tratar ferimentos. Esse fungo era o "Penicillium notatum", membro de um gênero de fungos que hoje todos conhecem. Mas esse conhecimento não era exclusividade dos sarracenos (muçulmanos). Os núbios, do atual Sudão, usavam a tetraciclina, um antibiótico, no ano 350 d.C.. A origem dessa tetraciclina ainda é um mistério. A melhor hipótese era de que os núbios a conseguiam produzindo cerveja. Acreditem, por muitos séculos, a cerveja além de ser comida ou chupada com um canudinho, era tida como um eficiente medicamento. Cinco dias sem comer. Mas, o que tem a ver antibiótico com pobreza? Muito. O desenvolvimento de antibióticos teve resultados impressionantes sob a morte de crianças e jovens. A taxa de mortalidade caiu drasticamente desde quando os cientistas começaram a produzi-los em larga escala. Mas temos sérios problemas. A linha da pobreza extrema e traçada à partir dos R$ 5 diários. Uma dose de um antibiótico muito barato, como a penicilina, custa no mínimo R$ 14. Um tratamento (mal feito) do corte na perna de uma criança custa assim R$ 28. Isso significa que uma mãe pobre terá de ficar cinco dias sem comer para comprar antibiótico. Um medicamento fundamental, mas que está em falta nos postos de saúde brasileiros.