A dois semestres de concluir o curso de medicina, Kethelin Pinto Guedes, de 25 anos, criou uma vaquinha virtual para pagar a mensalidade do próximo semestre que custa R$ 8.439,50. Ao todo, ela já investiu 246 mil na graduação e os pais venderam até o carro para custear o ensino da jovem. Natural de Campo Grande, Kethelin ingressou no ensino superior primeiro através do curso de enfermagem. Com o sonho de fazer medicina, ela conta que deixou de lado essa graduação e iniciou os estudos no Paraguai. “Eu fiz um ano de enfermagem e como sempre quis medicina vi que não seria feliz fazendo um curso que não era o meu sonho. Na época as coisas estavam difíceis, vimos cursinhos na cidade, mas não optei porque era muito caro e não compensava. Optei pelo Paraguai porque era mais barato”, explica a acadêmica. De 2016 a 2020, ela seguiu estudando no país, porém se transferiu para a FMO (Faculdade de Medicina de Olinda), em Pernambuco, onde está matriculada no 10º semestre. Kethelin comenta que saiu do Paraguai, pois na época tinha receio de não conseguir validar o diploma e exercer a profissão no Brasil. “Quando fui para o Paraguai de 2016 a 2020 não teve o Revalida e eu ficava com medo de me formar no Paraguai e não ter perspectiva de emprego. Querendo ou não mesmo sendo mais barato ainda era um investimento alto para a minha família. Então, comecei a procurar transferência”, afirma. Por ter feito transferência, a estudante afirma que não conseguiu direito ao Fies (Fundo de Investimento Estudantil). “Eu já tentei todos os tipos de financiamento que conheço. Eu não consigo Fies, porque na minha faculdade só consegue quem entra no primeiro período. Eu tentei em vários bancos e ninguém me aprova pelo meu nome estar negativado”, diz. Desde o começo na faculdade particular, ela relata que a cada semestre se preocupava em não conseguir fazer a matrícula para o próximo. "Sempre foi muito difícil, mas sempre confiei em Deus que ia dar certo. A pressão na minha cabeça de sempre ter essa preocupação: ‘Será que vou conseguir? Será que vou dar conta de me formar?’ Todo semestre era uma agonia saber se eu iria me matricular. Sempre sofri essa pressão de estar estudando, mas não saber se amanhã estaria”, desabafa. Kethelin explica que a família fez diversos empréstimos para conseguir ajudar financeiramente e que isso foi possível até setembro deste ano. “Sempre foi uma luta eu me manter na faculdade. Meu pai vendeu o carro, a gente fez empréstimo no nome da minha irmã. A gente começou a entrar num monte de dívida para pagar a faculdade. Até agosto a gente tinha conseguido manter a faculdade e acabou que não temos mais nada para vender”, expõe. Por essa razão, Kethelin recorreu a uma vaquinha virtual onde espera conseguir juntar R$ 142 mil para concluir o curso. No Instagram, ela compartilhou um vídeo onde conta a própria história e pede ajuda para quitar as próximas mensalidades. “Pra mim foi muito difícil postar esse vídeo, porque eu não queria expor a minha família dessa maneira que a gente está endividado e que o nome está sujo. Mas, para mim, o que importa é que eu consiga me formar e retribuir os sacrifícios dos meus pais”, destaca. Por meio da vaquinha virtual, ela conseguiu dinheiro para quitar as mensalidades atrasadas de setembro e outubro. Agora, ela espera alcançar a meta de realizar o sonho de se formar. Quem quiser contribuir, a vaquinha está disponível no site. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).