A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, implementou novo protocolo para autorizar a transferências de presos de altíssima periculosidade entre os presídios brasileiros. A mudança aconteceu após possível tentativa de fuga do Líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. O plano de fuga de Marcola foi descoberto a partir da Operação Anjos da Guarda, em agosto de 2022, quando uma advogada de Três Lagoas foi presa, suspeita de participação no esquema que libertaria presos do PCC: servidores públicos federais seriam sequestrados e usados como "moeda de troca" pelo chefe maior da facção. As informações estavam no computadores da advogada sul-mato-grossense. Ainda de acordo com as investigações da PF, no relatório analisado havia um recado dizendo que caso não houvesse a negociação após o sequestro dos servidores, eles deveriam ser assassinados. Mudança – A portaria, assinada pelo secretário nacional de políticas penais, Rafael Velasco Brandani, entende como alta periculosidade aqueles que têm mais chances de fuga, são líderes de facção criminosas e já atentaram contra o poder público ou população. O documento foi assinado no início do mês de novembro. Agora, a transferência só é autorizada após um relatório de análise de risco, elaborado pela Inteligência do Sistema Penitenciário Federal em documento sigiloso. Conforme a Folha de São Paulo, além da análise, também é necessário a autorização de saída assinada por um colegiado de no mínimo três autoridades da pasta designadas. A escolha é feita de maneira aleatória, periódica e individualizada. Como forma de preservar a identidade, os agentes escolhidos serão identificados por códigos. Marcola está preso no presídio federal de Brasília. O cárcere no local é considerado um dos mais difíceis de fuga e um dos mais seguros do país. Essa é a segunda vez que Marcola está no local. Mato Grosso do Sul – A estratégia de planos de resgates de presos importantes para o PCC ficaram mais evidentes após a Operação Anjos da Guarda, deflagrada pela PF (Polícia Federal), em agosto. As investigações resultaram na prisão da advogada Kássia Regina Brianez Trulha de Assis, em Três Lagoas e revelaram que os criminosos tinham até mesmo um “plano suicida”, com uma rebelião, como a última alternativa para resgatar presos importantes para a facção, dentre eles, o Marcola. Vinicius de Souza Almeida, comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) de Mato Grosso do Sul e especialista no combate às ações chamadas de ‘novo cangaço’ e ‘domínio de cidades’, que revelou que a técnica utilizada pelos integrantes de facções para resgatar presos é a mesma para roubos a banco. "A única diferença [nesse tipo de ação em comparação com crimes para roubar instituições financeiras] é o alvo. Em vez de dinheiro, esses grupos miram a retirada de presos”. Segundo ele, os criminosos pensam todos os detalhes das ações durante meses e até anos, calculando cada movimento de ação e possível reação às forças de segurança pública. O tenente-coronel ainda acrescentou, na época, que os criminosos pensam nos mínimos detalhes. Inclusive, estudam qual o poder de fogo das forças de segurança, rotas de fuga e possíveis imprevistos. "Mas não tem como saber o resultado de uma ação que não chegou a ocorrer", explicou. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .