Para voltar à presidência da Santa Casa, Esacheu apresenta 35 propostas

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A eleição do Conselho de Administração da ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande prevista para quinta-feira (10) é decisiva para a definição do nome que presidirá o hospital pelos próximos três anos. A chapa Nova Santa Casa é apoiada por Esacheu Nascimento, de 69 anos, que já foi presidente por dois mandatos e apresenta 35 propostas na tentativa de voltar ao comando. Ele deixou a presidência, em 2020, para se candidatar ao cargo de prefeito da Capital pelo PP (Partido Progressistas). Concorre ao conselho também a chapa Por Amor à Santa Casa, que tem o apoio da atual presidente, Alir Terra Lima. Esacheu enfrenta o questionamento típico de quem já esteve no cargo a que se pretende retornar. Como vai buscar resolver problemas crônicos, que ele mesmo já enfrentou anteriormente, neste caso, o déficit financeiro oriundo de endividamento e do pagamento insuficiente da prefeitura aos serviços prestados aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde)? Experiência Como resposta, ele traz justamente a experiência que acumula como um diferencial positivo para administrar o hospital, que tem mais de 4 mil funcionários e atende aproximadamente 650 paciente por dia, recebendo da prefeitura da Capital R$ 25 milhões por mês como pagamento aos atendimentos do SUS. A entidade alega deficit de R$ 13 milhões nesse montante mensal. Além disso, Esacheu destaca conquista no âmbito jurídico que pode render ao hospital até R$ 600 milhões, melhorias em índices de transparência, na segurança e infraestrutura. Antes de tudo, faz questão de destacar que as dívidas do hospital, do passado e do presente, não são oriundas de má gestão. “Todos os hospitais que prestam serviço ao sistema público e a prefeitura é a gestora plena, todos estão com problemas de endividamento, que não decorre de má gestão e sim desse deficit no pagamento. De cada R$ 1 mil que se gasta com um paciente, a prefeitura paga apenas R$ 650. Então isso leva a um endividamento”, declara Esacheu. Ele assumiu a presidência em dezembro de 2015, quando era vice-presidente, mas teve dois mandatos como presidente entre 2016 e 2020, quando deixou a presidência para se candidatar à prefeitura da Capital. Na Justiça Neste tempo, Esacheu ingressou com ação na Justiça alegando que estava recebendo da Prefeitura da Capital, menos do que deveria para atender os pacientes da rede pública. “Falam que deixei dívidas no hospital, mas pelo contrário, com essa ação na Justiça, que já ganhamos em primeira instância e a prefeitura recorreu, quando for pago o valor corrigido, o hospital vai receber mais de R$ 500 milhões, que União, Estado e Município vão ter que pagar à Santa Casa. Esse valor paga toda a dívida do hospital, que gira em torno de R$ 250 milhões. As dívidas não são da gestão. O hospital já tinha dívidas, justamente porque o valor que a prefeitura paga é menor do que deveria. No ano, temos, por exemplo, o décimo terceiro. Então, eu tinha que emprestar e parcelar esse valor para pagar os funcionários, porque o hospital não recebe o valor justo”, detalha Esacheu. Advogado e promotor de Justiça aposentado desde o ano 2000, Esacheu começou a se envolver com o hospital já naquela época, quando a Santa Casa levava a promotoria demandas. Na promotoria, ele lidava justamente com assuntos relacionados ao patrimônio público social e instituições filantrópicas. Foi onde tudo começou. Mas, antes disso, aos 27 anos de idade, Esacheu lembra que já se envolvia com a temática, quando nasceu o que ele classifica como “vocação” para o trabalho na área. Serviços privados Esacheu pontua que todos os hospitais bem sucedidos que atendem a rede pública, atuam com 40% da capacidade na área privada e 60% pelo SUS. Na Santa Casa, o Prontomed é o plano privado. “Queremos voltar a fazer do Prontomed a melhor porta de entrada de saúde clínica e cirúrgica para a população de Campo Grande”. O ex-presidente do hospital estima que, atualmente, a Santa Casa esteja longe desse percentual. “Hoje, no privado fatura-se em torno de R$ 300 mil. Na nossa época, faturamos em torno R$ 3,5 milhões por mês. Atendemos 20% no privado, com desafio de chegar aos 40%. Então, estimo que esse percentual esteja bem abaixo”, diz. Como solução, ele prevê “montar uma equipe de médicos e enfermeiros qualificados” e “não fazer confusão'' entre portas de entrada privada e do SUS. “Tem que ser separada a entrada e temos que ampliar o plano de saúde que tem em torno de 9 mil vidas hoje”, comenta. Política Esacheu garante que não pretende concorrer a cargo na política da Capital novamente e diz que, inclusive, "se decepcionou com a política". Ele conta que a candidatura a prefeito veio de uma análise da dificuldade de se relacionar com a prefeitura e a falta de pagamentos justos. “Vimos que era preciso sair uma candidatura que representasse o setor. Essa foi a motivação e se nós tivéssemos sucesso, iriamos usar parte desse R$ 1,3 bilhão do orçamento da prefeitura para pagar o justo preço pelos serviços dos hospitais filantrópicos de Campo Grande. Mas me decepcionei muito com o preço que tem que ser pago para se ter a democracia, que é o uso da máquina pública e compra de votos. Não pretendo pagar esse preço e concorrer novamente”, assevera Esacheu. Desafios Entre os desafios financeiros está a nova nova lei que eleva o piso da enfermagem. Esacheu acredita que ao ser implantado, o piso vai aumentar em um terço a despesa da Santa Casa com a folha de pagamento da categoria. Essa não é a única preocupação para o novo gestor. “Eles [enfermeiros] têm ainda tramitando projeto de lei para que a semana deles seja de apenas cinco dias. Então, teremos que contratar mais enfermeiros para cumprir”, pontua. Confiante no apoio da maioria dos conselheiros para sua eleição como presidente, Esacheu, fala ainda em reestruturação da infraestrutura da Santa Casa e meritocracia, evitando “politicagem” e garante priorizar profissionais realmente qualificados para cada cargo. “Nossa chapa surgiu acredito que do sentimento da maioria dos nossos associados de requalificar o serviço prestado, melhorar as condições do prédio que está em franca deterioração e ampliar o atendimento. Para se ter uma ideia, quando assumimos em 2015, a Santa Casa atendeu 70 mil pessoas no ano. Nos anos seguintes, aumentou para 180 mil pessoas esse número. Eram 20 mil cirurgias por ano. Esse número passou para 45 mil. Então, temos essa preocupação de gastar bem o dinheiro público", comenta. Propostas Entre as 35 ações a serem executadas caso Esacheu volte a ser presidente, estão ainda reforma do pronto-socorro, manutenção no entorno do hospital, cumprimento de plano de sustentabilidade, implantação de usina fotovoltaica, dar continuidade a estruturação do setor de oncologia, adquirir aparelho de robótica para cirurgias, implementar serviços de endoscopia alta e baixa, banco de leite humano, estruturar o serviço de psiquiatria, implantar o laboratório de neurologia e reestruturar o laboratório de análises clínicas que foi terceirizado, o que na avaliação de Esacheu resultou em “grave prejuízo aos pacientes”. Esacheu pretende também reestruturar o serviço de transplantes cardíacos, de rins de córneas e implantar transplante de medula Conselho A chapa Nova Santa Casa quer colocar no Conselho de Administração o procurador aposentado Alcides dos Santos, o advogado e produtor rural Antônio Moraes Ribeiro Neto, o ex-tabelião e empresário Carlos Roberto Taveira, o médico veterinário Marco Antônio Carstens Mendonça, a pedagoga Maria Eunice de Souza Sá Silva, a servidora pública aposentada e cientista da Educação Maria Amélia Cunha Figueiredo, o engenheiro civil e empresário Renato Katayama, o advogado e empresário Sinval Martins Araújo e o advogado e empresário Tiago Souza de Campos e Martins. No Conselho Fiscal estão o advogado e produtor rural Alessandro Oliva Coelho, o economista e contador Heber Xavier e o administrador e empresário Wellington Luiz Cenze. Como suplentes, estão o contador e empresário José de Oliveira Souza e o bacharel em direito, filósofo e empresário Paulo Roberto dos Santos Pereira. Clique aqui para conferir as 35 propostas de Esacheu Nascimento para a presidência da Santa Casa.

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