Camisa do Santos, time de futebol paulista, autografado pelo falecido ‘Rei do Futebol’, Pelé, emoldurada e pendurada na sala do apartamento de Arrison Szesz, 34 anos, mantém viva a memória do pai, Albino Szesz, que morreu em um acidente de barco em 2015, aos 53 anos. Natural de Ponta Grossa, no estado do Paraná, Arrison veio para Campo Grande em 2014, um ano antes da morte do pai. Em 2015 conheceu a servidora pública Gabriela de Souza, 33 anos, com quem se casou e teve dois filhos, Arrison José, de quatro anos, e Maria, de 10 anos. Ainda em 2015, no dia 27 de agosto, o pai, carinhosamente apelidado pela família e amigos de Xexinho, sofreu um acidente de barco em Ponta Grossa, e o corpo foi encontrado na tarde do dia seguinte, pelo próprio filho. O amor pelo esporte, elo responsável por unir pai e filho, esteve presente no velório, onde Arrison relembra o momento em que colocou a blusa do time paulista, presente dele para o pai, em cima do caixão, onde ficou durante toda a cerimônia. “Ele amava futebol, mas nunca conseguiu jogar, tinha má circulação nas pernas”, conta. A morte precoce do ex-assessor despertou em Arrison o desejo de correr atrás de um autógrafo de Pelé, como forma de homenagear e manter a memória do pai viva. Com apoio da esposa, ele passou a escrever cartas para grandes nomes da televisão brasileira e programas de esporte, na esperança de ter sua história contada. “Ele queria conhecer o Pelé, a homenagem que eu poderia fazer era autografar a própria camiseta dele”. Sem sucesso nas primeiras tentativas, Arrison relembrou a partida que havia assistido ao lado do irmão, Albino Junior, no Pacaembu, em Santos, em 2006. Na ocasião, o santista teve a oportunidade de conhecer Marcelo Teixeira, presidente do time paulista na época. A partir da lembrança, surge a ideia de procurar o antigo presidente. Em 2020, Arrison tenta o primeiro contato com Teixeira, através do Instagram. Para a surpresa do santista, o ex-presidente responde. “Eu contei a história e ele me respondeu. Fiquei com medo de não ser ele mesmo, mas ele me deu o endereço do escritório dele”, relata. Disposto a ajudar, Teixeira pede para que Arrison envie as camisetas, dele e do pai, para pegar o autógrafo. Meses de espera depois, em fevereiro de 2021, Teixeira mandou as fotos das camisetas autografadas. Em um momento de muita emoção, o Santista chegou a chorar ao relembrar o pai. Uma das camisetas, a que pertence ao Arrison, hoje se encontra emoldurada e pendurada na parede. A camiseta do pai está guardada. De pai para filho – Arrison relembra a infância vivida ao lado do pai, e menciona um uma vez em que Xexinho levou ele e os amigos para assistirem uma partida do time paulista em Santos na Vila Belmiro. O último contato dos dois, foi para celebrar a vitória do time em um campeonato nacional. “Foi numa sexta-feira, comentamos um jogo da quarta em que o Santos ganhou a semi-final”. De geração em geração – A família inteira é santista, e o amor pelo time paulistano é passado de geração em geração. Ainda dentro da barriga da mãe, o filho, Arrison José, ganhou ensaio fotográfico com tema do Santos. Ao completar um ano de idade, o tema da festa de José também foi em homenagem ao time. A mobilização pelo time do coração foi tão grande, que até a sogra de Arrison, que é corintiana, vestiu a camisa do Santos no aniversário do neto. A casa, além da camisa autografada emoldurada, também é repleta de decorações, canecas, quadros e souvenires em alusão ao time. “É involuntário, quando vê já estamos com algo do Santos”. A morte do Rei – Arrison estava cuidando dos filhos, Arrison José e Maria, quando saiu a notícia da morte de Pelé. “Foi como se eu estivesse ouvindo meu pai contando as histórias sobre o Rei. Me arrepia”, emocionado ele relata que chegou a chorar na frente dos filhos. “Além da tristeza de ser um ídolo, tem o misto de saudade do meu pai”, finaliza.