É clássico. Todo homem abusivo, antes que lhe caia a máscara, propaga aos quatro ventos o quanto sua ex é louca. Aponta defeitos, descreve trejeitos. Coloca exatamente a mulher no papel de protagonista na trama do macho legalzão que se libertou da megera. Para desqualificá-la vale tudo: não cuidava da casa (não tinha mínima ajuda), usava roupas inadequadas (desaprovada pela moral e bons costumes), era temperamental (sobrecarregada), sem postura de mulher comprometida (não queria assumir as tarefas sozinha). Desenha situações em que ela perdeu a cabeça, omitindo, claro, o extenso caminho que a fez chegar à exaustão de gritar por sobrevivência. Mas eu tô aqui pra contar como é essa maluca. A descontrolada acumula jornada de cuidar da casa, dos filhos e resolver pendências do bonito como, por exemplo, marcar médico, dentista, comprar roupas e até cueca. Preparar o alimento de todos, planejar as férias, incluindo arrumar as malas de geral, calcular milimetricamente tudo que será necessário para passar os dias fora de casa. A pirada está sempre aberta a mudança, mas só consegue mesmo mudar algo quando é para benefício dele. Abre mão do próprio corpo para torná-lo pai, enquanto ele segue com o futebolzinho regado a cerveja. Pausa a própria carreira para ser uma boa mãe para seus filhos, se muda de casa, cidade, país para o maridão alçar voos enormes no ofício. A paranoica estuda sobre educação respeitosa, introdução alimentar, rotina do bebê. Comparece às reuniões escolares, contorna a situação para o queridão não se estressar quando as crias tão mal na escola. Esconde as notas baixas para ele não "educar" as crianças com violência. Quando tudo rui, ela assume a bronca. E não é que com a separação a doida foi quem assumiu de vez as crianças? E, olha só, ficou ainda mais surtada só porque o paizão sumiu, não paga pensão se não for sob forte ameaça e tá fazendo mais filho por aí com a nova esposa que, ainda, não enlouqueceu. Ah mas a atual é diferente, né? Esta não é uma descontrolada. Pelo menos não agora, no começo do caminho. Enquanto não percebeu a toxidade que o relacionamento irá alcançar. Porque a longo prazo, sabemos, ele fará com mais uma se torne ex e se junte às outras no mesmo hospício chamado machismo. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) .