Mais de vinte pessoas recuperaram à força parte de seus investimentos, submetidos a uma trapaça bancária, com o aplauso da população indignada pela enorme crise que o país enfrenta desde a guerra civil de 2019. Os "auto-roubos"- roubar o próprio dinheiro – começaram em janeiro de 2022. Depois de quase quatro horas mantendo os funcionários do banco refréns, usando uma pistola e dez litros de gasolina em um galão com mecha, um grande coquetel Molotov, o libanês Abdala al Saii, recebeu de mãos tremendo, U$50.000 que estavam em sua conta bancária. 80% abaixo da linha de pobreza e tratamento de saúde caríssimo. A aço marcou o país imerso em uma brutal crise econômica. Desde a burela civil, passaram pela pandemia e pela explosão do Porto de Beirute, em 2020. É uma das piores desde o século XIX, segundo o Banco Mundial. Mais de vinte pessoas seguiram o mesmo caminho de Abdala al Saii, desde então. Algumas delas, aplaudidas pela população. Culpam os políticos e os bancos que montaram um tipo de pirâmide, onde os primeiros tinham dinheiro para sacar. Hoje, os cofres bancários estão vazios, tiraram quase todo o dinheiro do Líbano. Pouco mais de 80% da população (6,8 milhões) está abaixo da linha de pobreza e a lira libanesa – sua moeda oficial – perdeu 90% de seu valor. Roubar o próprio dinheiro para pagar tratamento de saúde. O Líbano tem um dos mais caros sistemas – particulares – de saúde. O governo quase não dá assistência a seu povo. Há algumas semanas, Edro Jodr, uma idosa de 87 anos, foi aos banco, com seu filho, para retirar seu dinheiro. Levavam pistolas. "Roubaram" U$ 5.500 para pagar o tratamento médico de Edro. O dinheiro pertencia à própria anciã. Ao sair do banco, uma multidão estava a postos para lhe aplaudir. Dezenas de outras pessoas tomaram a mesma decisão. Via de regra, vão presas por poucos dias. O país está esgarçado em três correntes políticas ligadas às principais religiões. Xiitas, sunitas e cristãos tornaram o Líbano um país ingovernável.