Leopoldina, a mulher que foi obrigada a casar com D.Pedro I, era uma estrategista, mais preparada e educada que seu marido, um mero playboy. Leopoldina teve sua história diminuída, mártir da paciência por suportar um marido tão mulherengo e inútil. Aliás, coisa comum em nossa história são as mulheres nela entrarem quase apagadas. Afinal, a política é o campo dos homens há milênios. E geralmente são eles que escrevem a história. Leopoldina, uma princesa austríaca, abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como seu povo e a Independência como sua causa. Deixem que os outros façam a guerra. Leopoldina foi educada no seio de uma família que não tolerava a guerra. Seu lema era: "deixe que os outros façam a guerra, a Áustria casa". Construíram um imenso Império, em um dos pontos cruciais para a disputa de poder na Europa, casando suas filhas. Guerras eram caras, e essa família, denominada Habsburgo, desenvolveu ao longo dos séculos um sistema de aquisição territorial por meio de alianças de casamento que tornaria as princesas da casa da Áustria, no século XIX, um "artigo" de primeira grandeza. Casar-se com uma delas não seria para qualquer um. Ter uma esposa Habsburgo era ter uma mulher com instrução suficiente para ser uma estadista, algo que nunca existiu no meio onde Pedro I foi criado. Vida curta, mas decisiva para o Brasil. Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo desembarcou no Brasil em 1.817, aos vinte anos. Viveu pouco, morreu em 1.826. Em nove anos na famigerada corte portuguesa no Brasil, engravidou nove vezes. Mas ela foi fundamental no processo de independência. Foi ela quem convenceu José Bonifácio a aceitar o cargo de ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, passo final para a separação de Portugal. A declaração de Independência, escrita por Bonifácio, foi assinada por ela em 2 de setembro de 1.822. E também é da lavra de Leopoldina a carta enviada a Pedro I que praticamente o obrigou a decidir (algo quase impossível) pela Independência. A verdadeira data da Independência é 2 de setembro. Quem a proclamou foi Leopoldina.