Judiciário ajuda reeducandas do sistema prisional a trilharem novos caminhos

Brasil Geral Mato Grosso do Sul Notícias Últimas notícias

Mulheres que cumprem pena nos regimes aberto e semiaberto da Capital têm a oportunidade de trilhar novos caminhos e "sonhar" com um recomeço, por meio de um convênio entre o Conselho da Comunidade de Campo Grande e o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, que contrata reeducandas para atuarem no Núcleo de Digitalização do Fórum de Campo Grande. A parceria firmada em 2019 atualmente emprega sete reeducandas, que cumprem jornada de trabalho de segunda a sexta-feira, recebem um salário mínimo, vale transporte e cesta básica. O maior benefício é que, cada três dias trabalhados, equivale a um dia de remissão de pena, ou seja, torna sonho da liberdade mais próximo. Uma interna do presídio semiaberto feminino de 34 anos, contratada para atuar no setor, considera a oportunidade "um presente". Ela não concluiu o ensino fundamental e não tinha conhecimento de informática, mas a ação lhe motivou a trabalhar e buscar um futuro melhor. “Eu não preenchia os requisitos para este tipo de trabalho, então para mim é maravilhoso estar aqui". A reeducanda é mãe de dois adolescentes e cumpre pena desde 2012. Essa foi sua primeira vaga de trabalho no sistema prisional com remuneração. Com o dinheiro, ela pretende ajudar financeiramente os filhos e se organizar para concluir os estudos quando estiver em liberdade. O sonho da reeducanda é estudar medicina. Uma mulher de 24 anos, trabalhava na área de construção civil, e recebeu um oportunidade no setor após pedir remoção do trabalho anterior. O trabalho na área civil era "muito pesado", de acordo com a mulher, e lhe causou problemas de saúde. Ela deixou o o presídio aberto e foi para a prisão domiciliar há cerca de um mês. Segundo relato da mulher, o juiz Albino Coimbra Neto, responsável por gerenciar o cumprimento de pena das detentas, está sempre em contato para atender as necessidades. "Nos são ofertadas muitas possibilidades de cursos técnicos e todas temos algum benefício concedido por ele, além de nossa chefia que nos dá muito amparo e conselho. É uma grande oportunidade de recomeço”. Além da digitalização de processos, as detentas também aprendem a fazer a categorização dos processos digitalizados. Para a reeducanda, trabalhar no Fórum é um "privilégio", e ela pretende concluir os os estudos e seguir carreira na enfermagem. “Estamos em um ambiente onde todas nos damos bem, temos o conforto do ar condicionado, mas é uma função que exige concentração e é uma responsabilidade grande o que fazemos” destaca. A responsável pelo Núcleo de Digitalização do Fórum, Maria Aparecida Nazareno da Silva, destaca que grande parte das reeducandas é mãe (a maioria mãe solo), e grande parcela dos crimes que as levaram ao cumprimento de pena é narcotráfico e condutas afins. De acordo com a servidora, algumas serviam de “guarda-roupa”, gíria utilizada para quem se dispõe a guardar a droga para os traficantes, já outras foram convencidas pelos esposos com a promessa de dinheiro fácil. Maria aparecida destaca que as reeducandas aproveitam a oportunidade de trabalho no Fórum, que além de ser um ambiente confortável – outras reeducandas estão empregadas em trabalhos pesados – gera remuneração que as ajuda no custeio dos filhos. “No Fórum, o ambiente da equipe é de mudança de vida. O desempenho delas na digitalização é muito elevado. As novatas vão aprendendo rapidamente com as colegas mais antigas e o grupo em si gera uma alta produtividade”, destaca a servidora. Maria Aparecida atua há cerca de dois anos no setor, e conta que somente duas reeducandas precisaram ser desligadas da função por descumprir regras. Geralmente elas deixam o trabalho apenas quando vão para o livramento condicional, para abrir a vaga para novas mulheres. O setor chegou a empregar 12 reeducandas. A expectativa é de que o Tribunal de Justiça formalize novos contratos para destinar reeducandas a outras áreas do Fórum da Capital, além da manutenção e prorrogação do convênio, conforme afirma o departamento de administração do Fórum. Por meio da ação, o poder judiciário oportuniza a reinserção social das reeducandas e geram o benefício do incremento na força do trabalho e economia aos cofres públicos. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.