Educação nunca foi prioridade no Brasil. No período colonial, ela era restrita a alguns filhos de colonos e a indígenas aldeados. No período imperial, Dom Pedro I outorga a primeira Constituição do Brasil, na qual se estabelecia que a educação primária seria gratuita para todos os cidadãos do país. No entanto, a educação objetivava a formação de representantes políticos, o que contribuía para discriminar o culto do inculto assim como a nobreza em relação aos seus súditos. Ao contrário de vários países latino-americanos, as primeiras Universidades no Brasil, surgiram no século 20. Apesar de tardias, as Universidades, sobretudo as públicas (federais, estaduais e municipais), tiveram um impressionante desenvolvimento, com a implantação de um sistema de pós-graduação a partir de década de 60 do século passado. Esse sistema permitiu uma inflexão e a consolidação do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação. O cenário da educação brasileira atual é desolador. Apesar de políticas de inclusão educacional, não atingimos um patamar de qualidade satisfatório. A evasão é assustadora. A formação de professores não é contemporânea. Os currículos ainda contêm muitos conhecimentos inúteis. Os salários dos professores, sobretudo da educação básica, são vergonhosos. Esses e outros exemplos fazem parte do cenário da educação brasileira. Nos últimos anos esse cenário tem piorado. Testemunhamos um ataque constante às Universidades públicas. Um ex-ministro da Educação definiu o campus universitário como balbúrdia. O ensino superior público, apesar dos cortes orçamentários, da redução de concursos para renovação de seus quadros, resiste com heroísmo, sobrevivendo e esperançosos por dias melhores. Nos apagar das luzes do atual governo, um novo corte de orçamento foi feito no Ministério da Educação na ordem de R$ 1,68 bilhão, sendo R$ 220 milhões das Universidades e Institutos Federais de Educação. Na Universidade de Brasília, o corte foi da ordem de R$ 2 milhões, afetando os remanejamentos internos para o pagamento da empresa que executa a manutenção dos prédios, comprometendo a continuidade de aulas e pesquisas. Chegou a hora de interrompermos essas insanidades que certamente nos conduzirão a um cenário triste e de retrocessos. Vamos olhar esperançosos para um futuro melhor e feliz. É pertinente lembrar o pensamento de Immanuel Kant: “O ser humano é aquilo que a educação faz dele.” (*) Isaac Roitman é doutor em Microbiologia, professor emérito da Universidade de Brasília e membro titular de Academia Brasileira de Ciências.