Dois homens foram presos por receptação qualificada, decorrente do roubo de veículo e a tentativa de extorquir o dono em R$ 1,6 mil para devolvê-lo. O carro havia sido levado dias antes, quando um homem que se passou por policial civil interceptou o condutor, dizendo que havia pendência criminal. O flagrante foi dado ontem, depois que a vítima, carregador de transportes de 24 anos, acionou equipe da Defurv (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos de Veículos). Hoje, os dois passaram por audiência de custódia e foram liberados, mediante uso de tornozeleira eletrônica. O carro, um VW/Gol, havia sido levado dias antes. Quem dirigia na ocasião era o pai do carregador, jardineiro que usava o veículo como meio de transporte para o trabalho. O jardineiro contou que foi interceptado por carro com quatro pessoas. O passageiro usava camisa da Polícia Civil e disse ao homem: “Porque tá correndo da polícia?”, e disse que o carro com aquelas características estava com restrição criminal. O “policial” assumiu a direção e disse que estava indo para a Depac/Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para registrar o caso. No caminho, mandou o jardineiro descer e ele, assustado, saiu. O carro foi levado. A família da vítima registrou boletim de ocorrência e espalhou nas redes sociais o caso, dando recompensa sobre quem desse informações sobre o carro. Ontem, o filho do jardineiro recebeu ligações de um WhatsApp de um homem exigindo R$ 1,6 mil e para não “envolver polícia”, sob pena do automóvel desaparecer de vez. A vítima fingiu aceitar os termos e recebeu endereço para iniciar negociação. O carregador entrou em contato com a Defurv e contou o que aconteceu, sendo orientado a continuar com a farsa para o flagrante. Um amigo foi até o lava a jato indicado para encontro e, neste local, o flagrante aconteceu, sendo detido agente de vendas de 37 anos. Este homem também foi identificado pelo jardineiro como sendo o “policial civil” da abordagem do roubo. À Polícia Civil, o agente disse que estava apenas ajudando um amigo a reaver o dinheiro investido na compra de carro. Ele contou que viu a postagem em um grupo, falando sobre o roubo do VW/Gol e reconheceu como sendo o comprado pelo garagista. De acordo com o agente de vendas, ele avisou o garagista que fez a consulta no despachante e encontrou o registro, o que não tinha sido encontrado antes, quando comprou o veículo. Para o agente, o amigo disse que fez a negociação acreditando ser um carro BOB (com alienação ou documentos vencidos). O agente de vendas alegou que foi orientado pelo garagista a cobrar os R$ 1,6 mil para que não ficasse no prejuízo. “Até mandei áudio para ele não envolver polícia para não dar nisso que deu aqui, né?”, contou, em depoimento. Sobre o roubo, negou que fosse o "policial civil". O garagista de 51 anos, dono de empresa no Jardim Batistão, indicado como suspeito de envolvimento, preferiu se manter em silêncio. A defesa dele pediu pela concessão da liberdade, alegando ser comerciante com endereço fixo e família na cidade. O delegado Guilherme Sarian indiciou os dois por receptação qualificada e pediu pela conversão do flagrante em prisão preventiva e quebra do sigilo telefônico. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) considerou natureza não violenta da infração e avaliou que deve ser concedida liberdade provisória aos dois. A Justiça, então, concedeu liberdade provisória, com monitoramento eletrônico pelo prazo de 180 dias, com recolhimento domiciliar noturno, inclusive nos fins de semana e feriado, das 20h às 6h.