O cabelo para trás. Um sorriso carismático. Um trotar de antílope. O instinto assassino frente ao goleiro. Ferenc Puskas era chamado "Öcsi", pequeno irmão, o ídolo dos húngaros mágicos, talvez o melhor jogador de todos os tempos. Dizem livros de história do futebol que Puskas foi melhor que Pelé e Maradona. A Hungria comunista ganhara o ouro olímpico em Helsinque, 1.952. Chegava ao mundial da Suíça, dois anos depois, invicta. Disposta a arrasar. O futebol socialista. Aquela equipe era o sonho da federação de futebol húngara. Um respiro na ditadura do proletariado opressora." Puskas, um menino pobre, era a prova do gênio latente do proletariado", afirmava o jornal húngaro. "Um gênio que se expressava graças ao socialismo ", dizia a propaganda. Puskas o intocável. O artífice de um futebol belo, romântico e atrevido. O goleador que falava em "compartilhar o futebol de forma igualitária ". Futebol socialista, a máquina de propaganda arrasava. A derrota e a derrocada. A Hungria, no entanto, perde a final para a Alemanha Ocidental. Perde para o símbolo mais importante do capitalismo naqueles dias. O jogo é chamado de "Milagre de Berna". A Hungria era infinitamente superior. É o princípio do declive do brutal governo húngaro. É o chute inicial do fim de Puskas na Hungria. O time perdedor foi tratado com dureza e crueldade. Puskas fugiria do país dois anos depois. Vinte e cinco anos de exílio. A tumba política dos húngaros comunistas foi cimentada em uma final de Copa do Mundo.