Desde que tenha a palavra "proteína", um produto alimentar vende mais. O bombardeio para consumir mais proteína começou há uns quinze anos nos Estados Unidos. E não tem relação alguma com melhoria na saúde. Os analistas de mercado observaram que qualquer coisa que se acrescentasse a palavra "proteína" vendia mais, melhor e um pouco mais caro. Apenas marketing. 0,8 gramas por quilo de peso. Há alguns anos a Organização Mundial da Saúde estabeleceu que a ingestão diária de proteína recomendada para um adulto é de 0,8 gramas por quilo de peso. Os marqueteiros perceberam que as populações estavam inquietas com dois fatores: a crença de que ingeriam pouca proteína e os receios de alergias e intolerâncias alimentares. Da mistura dessas inquietudes tiraram da manga, como mágicos, produtos Frankenstein. O campeão é o leite sem lactose, desnatado e com dose extra de proteínas. A ideia dos marqueteiros era trocar os tão criticados açúcares por proteínas. O culto à proteína apareceu nas academias. As academias são as novas igrejas do século XXI. E o deus venerado passou a ser a proteína. Essa mudança se deu nos Estados Unidos. Copiado por aqui e em outros países, buscam a hipertrofia muscular, um crescimento rápido dos músculos e o emagrecimento. Tortas de clara de ovo, pós, barrinhas e batidas são alguns exemplos das "receitas" aconselhadas nesses lugares. Sempre por gente que não tem ideia do que está dizendo. Perigo para ossos, rins e fígado. A revista científica "ISRN Nutrition", a mais abalizada do nutricionismo, afirma que o corpo não consome eficientemente as doses extras de proteína e que podem converter-se em sobrecarga metabólica para os ossos, rins e fígado. É sempre conveniente ressaltar que as proteínas são moléculas gigantescas, difíceis de quebrar, de digerir. A recomendação é bem simples: as proteínas devem vir de alimentos reais e não dos processados (pós, batidas, barrinhas e suplementos).