Em inauguração de canteiros, preocupação é com dinheiro gasto com mudas erradas

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Na manhã desta quarta-feira (30), a Afonso Pena, principal avenida da cidade, ganhou cor com a inauguração de seis canteiros de flores, na altura da Rua Calógeras até a Rua José Antônio. A preocupação é de que as mais de dez espécies recém-plantadas podem ter o mesmo destino da grama seca que tenta sobreviver na sombra das árvores centenárias. O engenheiro agrônomo Ricardo Guimarães de Araújo explica que a grama esmeralda, espécie plantada ao longo da Avenida Afonso Pena, e as plantas com flores não se desenvolvem na sombra. "As plantas com flores precisam de sol para produzir fotossíntese para a alimentação dela", explica. Nos últimos meses, o canteiro central da Avenida Afonso Pena, que mais parecia um 'tapete verde', foi se transformando em terra pura. O profissional explica que as árvores chegam a consumir até 100 litros de água por dia, o que exige que o solo seja adubado. "Pela quantidade de plantas e pelo tamanho das árvores, elas usam muito nutriente que tem no solo, e ali já não é o solo nativo, são aterros que fizeram". O engenheiro agrônomo explica que a melhor opção para o tipo de solo e incidência de luz solar presente nos canteiros da Afonso Pena seria investir em folhagens, singônios, dracenas e rasteiras. "Colocar orquídeas nas árvores também seria uma boa ideia, colocar suportes, plantar samambaias, fazer iluminações de baixo para cima. Não adianta colocar nada com flores onde tem sombra", explica. O engenheiro ambiental Antônio Carlos Silva Sampaio, 70 anos, atuou por 22 anos na Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) e aponta que a escolha da grama foi equivocada, pois a espécie plantada tem baixa resistência a locais sombreados. "São poucas gramas que se adaptam a um local sem sol. Uma grama que se adapta um pouco melhor é a grama São Carlos". O profissional também observa que as demais espécies escolhidas para decorar a avenida têm função ornamental e provavelmente não irão se desenvolver por conta da baixa incidência de sol. "A palmeira no sol iria se desenvolver melhor, aqui ela vai ter uma função de paisagismo, ela vai ter um crescimento um pouco diferenciado". A titular da Semadur Katia Sarturi destaca que as mudas foram doadas por empresas parceiras e o plantio feito por equipes da Semadur e da Sisep (Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos). "Fizemos uma parceria, também prestigiando a inovação na gestão". Em tons que variam entre vermelho e laranja, foram plantadas azaleias, dracenas, buchinho, camarão amarelo e outras nove espécies. A manutenção dos canteiros é responsabilidade da prefeitura. Foram colocadas estacas de madeira e fitas de isolamento para proteger as novas mudas. O local deve permanecer indicando a proibição da passagem de pessoas até que as mudas se desenvolvam. Patrimônio – As árvores centenárias da Afonso Pena, principalmente as que compreendem o trecho entre as ruas Calógeras, 14 de Julho e 13 de Maio, são tombadas como patrimônio da cidade pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo). A pasta é responsável pela elaboração do projeto de paisagismo no local, visto que nada pode ser alterado sem o aval da secretaria. Em relação à execução dos projetos, a responsabilidade é das secretarias de Meio Ambiente e Infraestrutura. A reportagem procurou a Sectur para comentar a escolha das mudas classificada pelos especialistas ouvidos pela reportagem como equivocada. Não houve retorno até a publicação da matéria. O espaço segue aberto. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .

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