As recuperações judiciais deferidas para empresas de Mato Grosso do Sul triplicaram neste ano. O que explica este cenário é o ano de retomada econômica vivenciado pelos estabelecimentos. Conforme dados enviados ao Campo Grande News pelo Serasa, no ano passado, foram três deferimentos. Neste ano, o número saltou para 12, sendo um em junho, nove em julho, um em agosto e um em setembro. Conforme explica o advogado, especialista em Direito Empresarial, Rafael Britto, a recuperação judicial visa ajudar as empresas que estão em crise. “Quando falamos em recuperação e falência, são processos que servem para empresas que estão em crise. A recuperação é um processo que visa ajudar a empresa que está em crise, mas ainda é recuperável. Então, ela se socorre da recuperação judicial para conseguir pagar os seus débitos de forma diferenciada, dependendo da aprovação dos credores”, explica o profissional, que também é presidente da Comissão de Direito Empresarial, da OAB/MS. Já o número das falências requeridas é de apenas dois contra três do ano passado. “O baixo número de falência diz respeito às empresas que foram encerradas de forma irregular. Algumas fecham as portas e sai devendo todo mundo. A falência é o encerramento regular”, completa Britto. Recuperação – Diante do resultado, na visão do presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Renato Paniago, este ano será de recuperação para os empresários. Segundo ele, existem segmentos que foram aniquilados durante a pandemia, alguns se recuperando e outros estão pujantes desde a época da pandemia. “Mas esse ano é de recuperação. Agora que vai se distanciando da pandemia, empresas que tomaram empréstimos para pagar em dois, três, cinco anos, vão se recuperando. A classe empresarial fica muito preocupada com mudanças na gestão pública, como em todo ano de eleição. As publicações de decretos e leis podem aniquilar ou fortalecer um segmento. Espero que a classe política entenda a importância das empresas para apoio e manutenção dos postos de trabalhos. Mas 2023 promete”, destaca. Em relação à expectativa do próximo ano, Paniago afirma que a economia não está em recessão. “Neste fim de 2022, com a Copa do Mundo e eventos, alguns segmentos vêm na crescente. O setor de economia está caminhando, não estamos em recessão. Espero que os novos gestores consigam manter”. “A grande reclamação começa pelos tributos, impostos que são pagos, e a burocracia imposta pelos governos. Há empresas com departamento só para cuidar disso porque senão, não consegue trabalhar”, enfatiza. Empresas constituídas – Segundo dados da Receita Federal, de janeiro a dezembro do ano passado, Mato Grosso do Sul tinha 289.273 empresas, sendo que 254.814 eram pequenos negócios. Já neste ano, de janeiro a 4 de novembro, o número passou para 304.568, aumento de 5,29% se comparado ao ano anterior. Deste total, 268.999 são pequenos negócios.