Negros romperam definitivamente o racismo em filmes e séries. Gays seguem o mesmo caminho. Gordos não. Personagens gordos são raríssimos, a gordofobia impera no mundo audiovisual. É um reflexo do cotidiano. Desde os minúsculos assentos nos aviões até nas poltronas de consultórios médicos. Não é teoria, observei ontem um gordo em pé na sala de espera de consultório devido a poltrona ser pequena. O incrível é que dois médicos desse consultório realizam cirurgias bariátricas. Os comentários – públicos ou privados – quando alguém ganha peso seguem sendo causa de discriminação. Gordos, mas invisíveis. A sociedade não gosta de falar com gente gorda, ver gente gorda, crer em pessoas gordas ou escutar gordos. Esse rechaço tem graves consequências para a saúde delas. Começa na infância. Há muitos médicos que põem um trilhão de regimes para crianças gordas que estão super saudáveis. Para jovens gordos é ainda pior. Tornam-se obsessivos, vão à balança três ou quatro vezes ao dia. Palavras neutras? O problema emerge inclusive na forma de tratar gordos. Teríamos de usar termos supostamente neutros como "obesos" ou "pessoas com sobrepeso". São palavras que reduzem a diversidade corporal a categorias excludentes baseadas no índice de massa corporal. Esse índice nunca foi pensado para medir saúde individual. É uma medida demasiadamente simples para um problema demasiadamente complexo.